Como a Gestão de Resíduos Pode Reduzir Custos na Sua Empresa

O crescimento da atividade industrial, comercial e de serviços no Brasil nas últimas décadas trouxe benefícios econômicos significativos. Porém, esse avanço também aumentou exponencialmente a geração de resíduos sólidos urbanos, industriais e perigosos.

A legislação ambiental brasileira — especialmente a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) — passou a exigir uma postura mais proativa das empresas, que devem não apenas destinar corretamente seus resíduos, mas também adotar práticas de prevenção e redução na fonte.

Neste artigo, você entenderá como uma gestão de resíduos eficiente, além de atender à legislação vigente, pode gerar economia, reduzir desperdícios e agregar valor ao negócio.

O que é gestão de resíduos?

A gestão de resíduos sólidos é o conjunto de políticas, estratégias e práticas adotadas para lidar com os resíduos gerados por uma organização, desde sua geração até sua destinação final.

De acordo com a Lei nº 12.305/2010, que institui a PNRS, a gestão adequada envolve:

“Coleta seletiva, transporte, transbordo, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos resíduos, bem como ações de não geração, redução, reutilização e reciclagem.”

Trata-se de uma abordagem sistêmica e integrada, que deve considerar os aspectos ambientais, legais, econômicos e sociais da atividade empresarial.

Classificação dos resíduos nas empresas

A ABNT NBR 10.004 classifica os resíduos em duas grandes categorias:

🔸 Resíduos Classe I – Perigosos

Possuem características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. Ex: solventes, óleos usados, lodos contaminados, resíduos hospitalares.

🔹 Resíduos Classe II – Não Perigosos

Dividem-se em:

  • Classe II A – Não inertes (ex: papel, alimentos, plásticos)
  • Classe II B – Inertes (ex: entulho, vidro, areia)

Cada tipo exige destinações diferentes, licenciamento específico e, em muitos casos, registro junto a órgãos como a CETESB ou o IBAMA.

Impactos da má gestão de resíduos

Empresas que negligenciam a gestão de seus resíduos enfrentam uma série de riscos e custos ocultos, como:

  • Multas ambientais (estaduais ou federais)
  • Embargos de funcionamento ou obras
  • Responsabilização civil e penal dos gestores
  • Gastos excessivos com transporte e destinação
  • Desperdício de materiais com valor reaproveitável
  • Inviabilidade de certificações ISO e ESG
  • Reputação negativa perante o mercado e a sociedade

Em muitos casos, os gastos associados à má gestão ultrapassam os custos de implementação de um sistema estruturado.

A legislação ambiental sobre resíduos no Brasil

A gestão de resíduos está amparada por diversas normas e diretrizes:

📜 Lei nº 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos

Institui:

  • A logística reversa
  • A responsabilidade compartilhada
  • A obrigatoriedade de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

📜 Decreto nº 10.936/2022

Regulamenta a PNRS e atualiza o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR).

📜 Resoluções CONAMA nº 313/2002, nº 275/2001, entre outras

Estabelecem critérios de identificação, separação, transporte, armazenamento e rotulagem dos resíduos.

Além disso, estados e municípios possuem suas próprias legislações complementares e exigem licenciamento ou cadastro específico para o transporte e destinação final dos resíduos.

Como a gestão de resíduos pode reduzir custos?

Engana-se quem pensa que a gestão de resíduos é apenas um custo. Com uma abordagem estratégica, ela pode gerar economia direta e indireta em diversas áreas da empresa. Veja como:

  1. Segregação correta e coleta seletiva

Separar resíduos na fonte evita contaminações, facilita a triagem e reduz o volume de descarte em aterros. Isso:

  • Diminui o custo com transporte e tratamento
  • Aumenta o reaproveitamento de materiais
  • Evita pagamento de tarifas mais altas para resíduos perigosos misturados
  1. Reutilização de resíduos internos

Muitas empresas descartam materiais que poderiam ser reutilizados no próprio processo produtivo, como:

  • Reaproveitamento de água industrial (após tratamento)
  • Utilização de aparas e sobras de matéria-prima
  • Compostagem de resíduos orgânicos para adubo interno
  1. Reciclagem e comercialização de resíduos

Materiais como papelão, metais, plásticos e óleos usados possuem valor comercial. Ao vendê-los a recicladoras ou cooperativas, é possível:

  • Gerar receita adicional
  • Reduzir custos com destinação
  • Evitar envio a aterros, que geralmente têm tarifas por tonelada
  1. Redução de geração na fonte

Com uma revisão dos processos, muitas empresas conseguem evitar a geração de resíduos, o que representa economia direta. Exemplos:

  • Substituição de embalagens plásticas por reutilizáveis
  • Digitalização de documentos e redução de impressões
  • Controle de estoque para evitar perdas por vencimento
  1. Otimização da logística de coleta

A organização das rotas de coleta e armazenamento racional de resíduos reduz:

  • Consumo de combustível
  • Desgaste de veículos
  • Tempo ocioso da equipe
  1. Evita multas e passivos ambientais

A gestão eficaz dos resíduos protege a empresa contra infrações ambientais, que podem gerar multas que variam de R$ 5.000 a milhões de reais, dependendo da gravidade e do dano ambiental.

Ferramentas e planos de gestão

📄 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

Documento técnico obrigatório para diversos setores, que define:

  • Tipos e quantidades de resíduos gerados
  • Medidas para segregação, acondicionamento, coleta e destinação
  • Responsabilidades e metas de redução
  • Procedimentos de emergência e rastreabilidade

Setores obrigatórios incluem: indústrias, estabelecimentos de saúde, construção civil, eventos, shoppings, supermercados e mais.

📈 Indicadores de desempenho ambiental

  • Geração de resíduo por unidade de produto
  • Percentual de resíduos recicláveis aproveitados
  • Custo por tonelada de destinação
  • Número de ações corretivas em auditorias ambientais

Benefícios estratégicos da gestão de resíduos

Benefício Impacto
Redução de custos operacionais Menos desperdício, menos transporte, menor volume em aterros
Conformidade legal Evita sanções, fortalece licenciamento e fiscalizações
Reputação positiva Melhora imagem institucional e atratividade para ESG
Melhoria de processos Estímulo à inovação e eficiência interna
Acesso a crédito Bancos e fundos avaliam práticas ambientais

Conclusão

A gestão de resíduos sólidos é mais do que uma exigência legal — é uma ferramenta estratégica que impacta diretamente os custos, a eficiência operacional e a reputação da empresa.

Com planejamento adequado, é possível transformar resíduos em oportunidades, cumprir a legislação, proteger o meio ambiente e ainda fortalecer a competitividade do negócio.

Empresas que enxergam o valor dessa abordagem caminham lado a lado com a sustentabilidade e a inovação.

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